Metodologia

Trata-se de um Estudo de Múltiplos Casos, uma estratégia de investigação qualitativa que visa aprofundar o como e o porquê de alguma situação ou episódio, frente à qual o pesquisador tem pouco controle (MINAYO, 2010). Os teóricos deste método aconselham aos pesquisadores que utilizem múltiplas fontes de informações (YIN, 2005; CRESWELL, 2007, 2015) construindo um banco de dados ao longo da investigação de modo a criarem uma cadeia de evidências relevantes durante o trabalho de campo (MINAYO, 2010).

Conta com metodologias ativas e inclusivas, que valorizam os princípios da aproximação significativa em redes sociais humanas, estabelecendo, portanto, vínculo entre o material conhecido e disponibilizado pelas campanhas do Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde estaduais e municipais, e os conhecimentos acumulados pela população, paralelamente ao Componente 3 deste projeto.

O caminho qualitativo adotado foi composto em quatro ciclos, que envolveram estratégias da pesquisa ação. Esta, para Denzin e Lincoln (2006, p. 98), é voltada para a mudança social, é a forma que a pesquisa social deve assumir caso queira alcançar resultados válidos, realizar mudança social útil e reconectar as universidades à sociedade como um todo.

Na pesquisa ação os colaboradores comunitários ou organizacionais trabalham em conjunto com os pesquisadores na definição dos objetivos, na elaboração de questões de pesquisa, no aprendizado das habilidades de pesquisa, na combinação entre o conhecimento e os esforços, na condução da pesquisa, na interpretação dos resultados e na aplicação do que é apreendido para a produção de uma mudança social positiva (DENZIN; LINCOLN, 2006, p. 100).

Sendo assim, a estratégia previamente identificada para o desenvolvimento desta pesquisa atendeu aos objetivos e metas de avaliação científica, amparada substancialmente em técnicas combinatórias de análise de documentos, entrevistas, participação direta em atividades de campo, individuais e/ou em grupo.

Ainda do ponto de vista teórico-metodológico, foram desenvolvidas oficinas aproximativas, apontadas por Spink, Menegon e Medrado (2014) como uma estratégia facilitadora de troca dialógica e construção compartilhada de sentidos. Os autores apontam que oficinas são práticas discursivas, logo, compreendem maneiras por meio das quais as pessoas produzem sentidos sobre fenômenos a sua volta e se posicionam em relações sociais cotidianas.

Para alcançar esta finalidade, os pesquisadores entraram em contato com a Rede de Educação Popular em Saúde e as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, que selecionaram os atores estratégicos oriundos da população bem como os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) dos municípios referentes para participarem da pesquisa para que as experiências relatadas fossem diferentes, levando em consideração a riqueza das histórias vividas e obedecendo quatro ciclos iniciais de abordagem, a saber:

Ciclo 1: Caracterização das prioridades apontadas pela revisão sistemática anterior, com vistas à produção de materiais multimídia de apoio à divulgação do projeto no país via ambiente virtual.

Ciclo 2: Ajuste dos conhecimentos teórico-metodológicos, técnicos e operacionais junto aos sujeitos participantes/envolvidos direto e/ou indiretamente nas ações estratégicas do projeto, com mediação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Este ciclo foi mediado por oficinas de produção de conteúdo e desenho de estratégias de informação para os(as) usuários(as) do SUS.

Ciclo 3: Desenho de uma agenda, com plano operacional de ações estratégicas, que promoveram diálogos integradores entre a área técnica do MS e os sujeitos participantes desse projeto. Nesse ciclo foram pactuadas ações estratégicas com clara definição dos corresponsáveis em sua execução, monitoramento e avaliação.

Ciclo 4: Produção e/ou recuperação de materiais multimídia, já disponíveis, e desenvolvimento de outros que se fizeram necessários aos processos de divulgação, tendo a criação de um repositório e uma biblioteca virtual como elementos de suporte ao estímulo do uso destas e outras ferramentas.

Associado aos ciclos descritos prevê-se o desenvolvimento e manutenção dos ambientes virtuais, a partir dos quais este projeto pretende garantir sua visibilidade, incorporando a adoção e práticas das TIC nos processos de educação, informação e comunicação em saúde. Complementa este princípio, a publicização dos resultados, a realização de cinco workshops com participação de especialistas nacionais e internacionais.

Referências:

Creswell, JW. A Consice Introduction to Mixed Methods Research. University of Nebreaska – Lincoln. SAGE Publications; 2015.

Denzin, NK.; Lincoln, YS. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Minayo, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12ª Ed. São Paulo: Hucitec, 2010.

Spink, MJ., Menegon, VM., & Medrado, B. Oficinas como estratégia de pesquisa: articulações teórico-metodológicas e aplicações ético-políticas. Psicologia & Sociedade, 26(1), 32-43. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/psoc/v26n1/05.pdf> Acessado em mai 2020.